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O presidente da Comissão de Direitos de Garantia do Direito
de Defesa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Fernando Santana,
condenou, em nota oficial, os vazamentos de trechos de depoimentos
prestados pelo ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, divulgados na semana
passada.
Nesta quinta-feira, foi revelado que advogados
criminalistas de todo o Brasil iniciaram um movimento para pedir
punições no Conselho Nacional de Justiça(CNJ) ao juiz federal Sérgio
Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, relator dos processos relativos
às investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Os
criminalistas alegam que há um vazamento seletivo do processo de
investigação em curso na Justiça Federal. A Justiça Federal do Paraná,
policiais federais responsáveis pela Lava Jato e procuradores envolvidos
no caso negam qualquer tipo de manipulação.
Na nota oficial, que será divulgada nesta sexta-feira pela OAB,
Santana afirma que ainda não tem uma decisão conclusiva sobre o tema,
“uma vez que não teve acesso aos autos do inquérito”. No entanto, o
presidente da Comissão de Direitos de Garantia do Direito de Defesa da
OAB afirmou que “a observância das regras do processo penal é condição
necessária para a validade das condenações criminais”. “As regras
principais estão previstas na própria Constituição Federal: o devido
processo legal, o princípio do juiz natural, a presunção de inocência e o
direito ao efetivo exercício de ampla defesa. Se esses princípios não
são observados, saímos da esfera do estado de direito, e ingressamos na
do arbítrio”, afirmou o conselheiro.
Na manifestação, a primeira oficial da OAB sobre o caso, Santana
diz não ser possível “que se divulguem informações protegidas pelo
sigilo, nem que deixem de ser divulgadas informações não sigilosas que
poderiam deslocar para outro órgão judiciário a competência para julgar o
caso”. “Processo penal não é política: apenas em regimes totalitários
as duas esferas se confundem”, afirma a OAB.
“Viver em uma sociedade moderna e democrática, institucionalmente
madura, implica o exercício responsável e equilibrado do poder. O
populismo penal até pode produzir notícias, mas, no final, não produz
condenações validas. A prevalência das garantias legais das pessoas,
ainda quando venha a proteger um indivíduo, destina-se a guarnecer todo o
sistema jurídico e preservar o estado de direito”, aponta a nota
oficial.
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Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras
Apesar da manifestação da Comissão de Direitos e Garantias, a OAB
ainda vai estudar a adoção de outras medidas judiciais em reuniões do
Plenário do Conselho Federal da Ordem. A entidade vai esperar ter acesso
aos autos do inquérito para definir alguma medida judicial contra os
responsáveis pela investigação.
Confira a íntegra nota oficial da OAB sobre a operação Lava Jato:
O presidente da Comissão de Garantia do Direito de Defesa da OAB Nacional, conselheiro Federal Fernando Santana Rocha, diante da solicitação de posicionamento efetuada por dezenas de advogados militantes no direito penal, acerca dos últimos fatos ventilados pela mídia no que concerne a operação Lava Jato, vem apresentar a seguinte manifestação pública:
A Comissão não possui até o momento informações suficientes para uma decisão conclusiva sobre o tema, uma vez que não teve acesso aos autos do inquérito. A posição final da OAB será adotada pelo Plenário do Conselho Federal quando tiver mais elementos sobre a questão. Contudo, em linha de princípio, é possível assinalar o posicionamento expressado a seguir.
A observância das regras do processo penal é condição necessária para a validade das condenações criminais. As regras principais estão previstas na própria Constituição Federal: o devido processo legal, o princípio do juiz natural, a presunção de inocência e o direito ao efetivo exercício de ampla defesa. Se esses princípios não são observados, saímos da esfera do estado de direito, e ingressamos na do arbítrio.
O desrespeito ao devido processo legal gera nulidades processuais que podem levar à própria anulação das condenações criminais, deixando impunes pessoas que praticaram crimes graves. A busca do aplauso fácil não pode ser posta acima da preocupação fundamental com a própria efetividade do processo penal.
Não é possível que se divulguem informações protegidas pelo sigilo, nem que deixem de ser divulgadas informações não sigilosas que poderiam deslocar para outro órgão judiciário a competência para julgar o caso. Processo penal não é política: apenas em regimes totalitários as duas esferas se confundem.
Viver em uma sociedade moderna e democrática, institucionalmente madura, implica o exercício responsável e equilibrado do poder. O populismo penal até pode produzir notícias, mas, no final, não produz condenações validas.
A prevalência das garantias legais das pessoas, ainda quando venha a proteger um indivíduo, destina-se a guarnecer todo o sistema jurídico e preservar o estado de direito.
Fernando Santana Rocha
Presidente da Comissão de Garantia do Direito de Defesa
IG
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