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Delação
sem provas foi manchete dos jornais nesta sexta-feira (10).
ReproduçãoNesta quinta-feira (9) a grande mídia deflagrou uma campanha
de ataques diretos contra o PT após a divulgação dos áudios dos
depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro
Alberto Youssef, detalhando o esquema de corrupção na estatal. O
objetivo escancarado é afetar o resultado do segundo turno da eleição
presidencial.
Nas
semanas que antecederam o primeiro turno, realizado dia 5 de outubro,
rumores davam conta de que uma notícia bombástica afetaria o primeiro
turno das eleições, o que levou a um sobe e desce das bolsas nesses
últimos dias a índices recorde.
A notícia chegou na mesma embalagem que
as anteriores, isto é, insinuações, denúncias sem provas ou fatos que
possam levar à comprovação das afirmações de dois réus confessos e
presos, que resolveram contar uma história para minimizar a pena de seus
crimes.
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante plenária com a
militância também na quinta (9), disse estar de “saco cheio” dessa
estratégia eleitoral. “Toda eleição é a mesma história. Eles começam a
levantar denúncias e, com denúncias, não precisam provar nada, só
insinuar e ganha destaque na imprensa. Acusação de corrupção não pode
abaixar cabeça de petista”, pontuou o ex-presidente.
Depoimento vago
Com base
num acordo de delação premiada, Costa e Youssef dizem que “grandes
empresas” eram contratadas pela Petrobras com sobrepreço de, em média,
3%, e que esses recursos eram repassados a integrantes do PT, PP e PMDB.
O doleiro e o ex-diretor também ficariam com parte dos recursos. No
áudio, Costa faz acusações vagas como “esse era o comentário que pautava
dentro da companhia” ou “tinha uma outra pessoa que operava a área de
serviço [da Petrobras] que se eu não me engano era…”.
O que causa estranheza é o fato de que
até agora, não apareceu uma prova que dê fundamento a essas declarações,
já que na delação os réus precisam apresentar provas das suas
acusações. A pergunta é: quem deliberadamente vaza os depoimentos e não
as provas? Qual o objetivo?
A grande
imprensa, neste caso a Rede Globo, teve acesso ao depoimento, que corre
em segredo de Justiça, noticiou como se fosse um fato investigado e
comprovado. Isso tudo acontecendo a 15 dias das eleições em que temos
dois projetos distintos de governo; um de continuidade dos avanços
sociais e econômicos e outro atrelado ao sistema financeiro
internacional e de corte de conquistas.
Outras eleições
Como
apontou o ex-presidente Lula, essa é uma pratica recorrente e os fatos
provam isso. Na eleição de 1989, por exemplo, às vésperas do segundo
turno presidencial e com o Lula diminuindo a vantagem para o então
candidato Fernando Collor de Mello (PRN) nas pesquisas, a mídia lançou
suspeita de envolvimento do PT no sequestro do empresário Abílio Diniz,
executivo do grupo Pão de Açúcar. As fontes seriam policiais que
participavam das investigações, mas após a eleição com a vitória de
Collor, as acusações foram desmascaradas.
Dilma
também foi alvo dessa estratégia nas eleições de 2010, quando foram
lançadas acusações de tráfico de influência contra a candidata, após
deixar a Casa Civil, em março daquele ano, e sua sucessora Erenice
Guerra. Posteriormente as acusações foram arquivadas porque todas eram
inverídicas.
Factoide
Agora, a
espetacularização desses áudios revela novamente que o interesse da
grande mídia, como nos casos anteriores, não é trazer luz aos fatos, mas
criar um factoide. O que vai restar de verdade das atuais acusações
apresentadas desta vez, não podemos prever. Mas é preciso se perguntar
por que essa mesma sagacidade e voracidade ou indústria de vazamentos de
áudios, não se manifestam na imprensa quando tratam de casos como a
votação da reeleição no governo FHC ou no mais recente trensalão tucano
nos governos Covas, Alckmin e Serra? Ou ao pagamento de propina em Minas
Gerais? A resposta é simples: porque seus interesses estão atrelados a
essas campanhas e a esses candidatados.
Esse jogo
eleitoral da mídia vem mascarado de notícia, informação e fato, mas com
o objeto cristalino de interromper o avanço das forças progressistas. O
jornalista Breno Altman, em artigo publicado no Vermelho, faz uma boa
definição do momento atual. “Todos os dias mentiras e manipulações são
difundidas por setores da imprensa, pelas redes sociais e pelas
organizações de direita, na tentativa de encurralar e intimidar a
campanha petista. Não é novidade na história do país”, afirma Altman.
Vale-tudo da mídia
O
jornalista foi acusado pela contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire
Poza, na CPI da Petrobras, de ter recebido dinheiro para pagar as multas
de Enivaldo Quadrado na Ação Penal 470. “Notícias falsas, evidências
plantadas, gravações forjadas, informações adulteradas: essas são armas
tradicionais do alforje conservador”, disse o jornalista.
Ele
completa: “Valia tudo para derrotar Getúlio Vargas em 1954 ou derrubar
Jango dez anos depois. Vale tudo para interromper o processo iniciado
com a posse do presidente Lula em 2003, particularmente na atual
contenda eleitoral. Mentiras e meias-verdades são ferramentas na
estratégia da direita”.
Por Dayane Santos, da Redação do Portal Vermelho
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