O caso aconteceu a duas semanas na Escola de 1º Grau Felinto Eliz. (Foto: Joab Freire / Nordeste1) |
O que deveria ser uma advertência comum, de um vice-diretor aos
alunos, se tornou um pesadelo para pais e alunos de uma Escola Estadual,
em Belém, na Região Metropolitana de Guarabira. O professor foi acusado
pelos alunos de questionar seus sonhos profissionais se baseando no
tipo físico e condição financeira dos mesmos. Algumas crianças não
querem voltar para a escola. .
O case aconteceu a duas semanas na Escola de 1º Grau Felinto Eliz.
Segundo os pais, o professor Henrique Filho tomava como exemplo a
profissão que as crianças sonham ter no futuro e dizia que não seriam
“nem aqui nem no inferno”, pois não eram filhas de pessoas ricas, por
exemplo.
Foi assim com o filho da dona de casa, Francineide Sabino, de dez
anos, que segundo os pais, questionado pelo vice-diretor, afirmou que
queria ser fazendeiro. O professor teria replicado questionando se ele
era filho de pessoas ricas, ele disse que não e o professor afirmou,
segundo os pais, que ele só seria fazendeiro se casasse com uma mulher
rica ou ganhasse na mega-sena caso contrário não seria “nem no inferno”.
Francineide relatou que o comportamento do filho mudou depois do ocorrido. (Foto: Joab Freire / Nordeste1) |
Francineide falou ao Nordeste1 que o comportamento do
filho mudou depois do ocorrido. “Ele ficou assustado e não queria ir
para o colégio. Eu fui falar com Henrique e ele ficou assustado, ficou
com medo da reação do pai”, disse.
O filho de Rosinete improvisou um aparelho de ginástica após ter sido taxado de gordo. (Foto: Joab Freire / Nordeste1) |
E ele foi além, segundo a costureira, Rosinete de Sena, mãe de outro
menino de onze anos. Seu filho, disse ao professor que sonhava ser
policial e Henrique teria respondido que o mesmo não seria, pois era
gordinho.
Segundo a mãe, o menino passou a praticar exercícios em casa dizendo que quer emagrecer. “Ele chegou a improvisar uma maromba com um cabo de vassoura e garrafas com areia”, relatou.
O professor disse que estava querendo incentivar os alunos. (Foto: Joab Freire / Nordeste1) |
O Nordeste1 procurou o professor Henrique Filho, que é vice-diretor na escola desde 2011.
Ele negou as acusações e disse que apenas tomou como exemplo o caso
do garoto que queria ser fazendeiro para dizer que as crianças precisam
estudar.
Henrique disse ter explicado à criança que não é necessário estudar
para ser fazendeiro, pois só havia três possibilidades, ou nascia numa
família rica, ou era bonito para casar com a filha de um fazendeiro ou
se ganhava na mega-sena. Caso contrário, seria somente estudando.
“A gente, como filho de pobre, só temos uma chance na vida é
estudando muito, entrar numa profissão e conseguindo com isso realizar
nossos sonhos. Se não for assim, companheiro, nem eu nem você será
fazendeiro nem aqui nem no inferno”, relatou o professor.
O motivo da “bronca” teria sido o resultado de um simulado em que os
alunos tiveram baixo rendimento. Contudo, ele reconheceu que a palavra
“inferno”, que usou com os alunos, não é apropriada.
“Essa problemática surgiu por conta de uma prova que nós fizemos na
escola, um simulado com todas as questões que as crianças tinham
estudado, nós passamos em todas as turmas para explicar para as crianças
que se que se aquela prova no momento fosse uma prova de vestibular com
as notas baixas elas não conseguiriam adentrar numa faculdade que elas
queriam”, explicou.
Ele negou ter se referido à forma física dos aluno que queria ser
policial. “Eu não adentrei na questão física, da questão de ser gordo, o
que eu disse era que para ser policial do Bope deveria estudar muito”, disse.
Henrique atribuiu o discurso contrário dos pais das crianças ao fato
da notícia ser veiculada, primeiramente, numa rádio local do município,
que segundo o mesmo, faz oposição ao seu projeto político. Para ele a
interpretação foi distorcida. “O que está acontecendo é uma distorção de
interpretação. A realidade é outra”, declarou.
Lucinha disse que vai ouvir o professor e observar o comportamento das crianças. (Foto: Joab Freire / Nordeste1) |
O Conselho Tutelar tomou conhecimento do caso através da imprensa e
uma mãe procurou o órgão para cobrar providências, segundo a
conselheira, Lucinha Moura.
Ela lamentou o ocorrido e diz que a partir das denúncias veiculadas
na rádio, e demais veículos, vai encaminhar o caso ao Ministério
Público. “Faremos um apanhado de todo o que ouvimos através da rádio,
depois nós vamos encaminhar ao ministério público”, explicou.
Lucinha disse que vai ouvir o professor e observar nas crianças o
comportamento apontado pelos pais e caso haja necessidade, um psicólogo
acompanhará as mesmas. “Vamos conversar com ele e acompanhar as
crianças, se for preciso, vamos encaminhar para um psicólogo e fazer o
que eles voltem para escola”, concluiu.
Nordeste!
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