quarta-feira, 20 de maio de 2015

Mães acusam diretor de escola de “destruir sonhos” das crianças, em Belém


O caso aconteceu a duas semanas na Escola de 1º Grau Felinto Eliz. (Foto: Joab Freire / Nordeste1)


O que deveria ser uma advertência comum, de um vice-diretor aos alunos, se tornou um pesadelo para pais e alunos de uma Escola Estadual, em Belém, na Região Metropolitana de Guarabira. O professor foi acusado pelos alunos de questionar seus sonhos profissionais se baseando no tipo físico e condição financeira dos mesmos. Algumas crianças não querem voltar para a escola. .
O case aconteceu a duas semanas na Escola de 1º Grau Felinto Eliz.
Segundo os pais, o professor Henrique Filho tomava como exemplo a profissão que as crianças sonham ter no futuro e dizia que não seriam “nem aqui nem no inferno”, pois não eram filhas de pessoas ricas, por exemplo.
Foi assim com o filho da dona de casa, Francineide Sabino, de dez anos, que segundo os pais, questionado pelo vice-diretor, afirmou que queria ser fazendeiro. O professor teria replicado questionando se ele era filho de pessoas ricas, ele disse que não e o professor afirmou, segundo os pais, que ele só seria fazendeiro se casasse com uma mulher rica ou ganhasse na mega-sena caso contrário não seria “nem no inferno”.
Francineide relatou que o comportamento do filho mudou depois do ocorrido. (Foto: Joab Freire / Nordeste1)

 Francineide falou ao Nordeste1 que o comportamento do filho mudou depois do ocorrido. “Ele ficou assustado e não queria ir para o colégio. Eu fui falar com Henrique e ele ficou assustado, ficou com medo da reação do pai”, disse.
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O filho de Rosinete improvisou um aparelho de ginástica após ter sido taxado de gordo. (Foto: Joab Freire / Nordeste1)

E ele foi além, segundo a costureira, Rosinete de Sena, mãe de outro menino de onze anos. Seu filho, disse ao professor que sonhava ser policial e Henrique teria respondido que o mesmo não seria, pois era gordinho.
Segundo a mãe, o menino passou a praticar exercícios em casa dizendo que quer emagrecer. “Ele chegou a improvisar uma maromba com um cabo de vassoura e garrafas com areia”, relatou.
O professor disse que estava querendo incentivar os alunos. (Foto: Joab Freire / Nordeste1)


O Nordeste1 procurou o professor Henrique Filho, que é vice-diretor na escola desde 2011.
Ele negou as acusações e disse que apenas tomou como exemplo o caso do garoto que queria ser fazendeiro para dizer que as crianças precisam estudar.
Henrique disse ter explicado à criança que não é necessário estudar para ser fazendeiro, pois só havia três possibilidades, ou nascia numa família rica, ou era bonito para casar com a filha de um fazendeiro ou se ganhava na mega-sena. Caso contrário, seria somente estudando.
“A gente, como filho de pobre, só temos uma chance na vida é estudando muito, entrar numa profissão e conseguindo com isso realizar nossos sonhos. Se não for assim, companheiro, nem eu nem você será fazendeiro nem aqui nem no inferno”, relatou o professor.
O motivo da “bronca” teria sido o resultado de um simulado em que os alunos tiveram baixo rendimento. Contudo, ele reconheceu que a palavra “inferno”, que usou com os alunos, não é apropriada.
“Essa problemática surgiu por conta de uma prova que nós fizemos na escola, um simulado com todas as questões que as crianças tinham estudado, nós passamos em todas as turmas para explicar para as crianças que se que se aquela prova no momento fosse uma prova de vestibular com as notas baixas elas não conseguiriam adentrar numa faculdade que elas queriam”, explicou.
Ele negou ter se referido à forma física dos aluno que queria ser policial. “Eu não adentrei na questão física, da questão de ser gordo, o que eu disse era que para ser policial do Bope deveria estudar muito”, disse.
Henrique atribuiu o discurso contrário dos pais das crianças ao fato da notícia ser veiculada, primeiramente, numa rádio local do município, que segundo o mesmo, faz oposição ao seu projeto político. Para ele a interpretação foi distorcida. “O que está acontecendo é uma distorção de interpretação. A realidade é outra”, declarou.

Lucinha disse que vai ouvir o professor e observar o comportamento das crianças. (Foto: Joab Freire / Nordeste1)

O Conselho Tutelar tomou conhecimento do caso através da imprensa e uma mãe procurou o órgão para cobrar providências, segundo a conselheira, Lucinha Moura.
Ela lamentou o ocorrido e diz que a partir das denúncias veiculadas na rádio, e demais veículos, vai encaminhar o caso ao Ministério Público. “Faremos um apanhado de todo o que ouvimos através da rádio, depois nós vamos encaminhar ao ministério público”, explicou.
Lucinha disse que vai ouvir o professor e observar nas crianças o comportamento apontado pelos pais e caso haja necessidade, um psicólogo acompanhará as mesmas. “Vamos conversar com ele e acompanhar as crianças, se for preciso, vamos encaminhar para um psicólogo e fazer o que eles voltem para escola”, concluiu.




Nordeste!

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